Pular para o conteúdo principal

Causos dos meus 20 e poucos anos: entre sobreviver e querer viver.

 Olá pessoas, como vão vocês?
Eu vou bem, obrigada.

Sobreviver¹
so·bre·vi·ver

[...]
3 Enfrentar e resistir a qualquer tipo de dificuldade.
4 Manter-se ao longo do tempo e/ou do espaço; subsistir.

Viver²
vi·ver

[...]
3 Ter uma vida cheia de prazer e alegria; gozar a vida.
[...]
7 Ter convivência com; partilhar da companhia de.
8 Proceder de um modo particular.
[...]
12 Passar por determinada experiência; vivenciar.
13 Ir além do momento presente; perdurar, permanecer.
14 Levar uma determinada vida.
15 O ato de viver; a vida.

Vocês devem estar se perguntando: "Andressa, por que você trouxe o verbete dessas duas palavras?"

Bom, eu acho importante para poder entender sobre o que eu quero falar. Tem gente que entende essas duas palavras como sinônimos, mas eu não vejo dessa maneira. Considerando o momento atual que estamos vivendo aqui em 2021, com a pandemia, o caos político do Brasil (sil sil) e tudo o que essas coisas nos trazem de consequência, eu entendo que a grande parte das pessoas estão apenas sobrevivendo. E está tudo bem. 

"Manter-se ao longo do tempo e/ou do espaço; subsistir."

Essa frase me traz a sensação de estabilidade, segurança. De existir, de estar ali. Mas quando penso sobre a vida, sobre um próposito, um sonho ou qualquer coisa do gênero, somente existir, estar ali, não me parece ser o suficiente. Quando eu penso em viver, "ter uma vida cheia de prazer e alegria; gozar a vida"; "ter convivência com; partilhar da companhia de"; "proceder de um modo particular"; "passar por determinada experiência; vivenciar" me parecem ser as sentenças mais adequadas. 

E eu estou só sobrevivendo, existindo. Mas eu quero viver. Porém, é certo que eu queira viver, enquanto tanta gente quer pelo menos ter a chance de sobreviver? Enquanto tantos morrem? Enquanto o mundo está esse caos? Meu ego diz que eu mereço querer viver e conhecer tudo o que eu tenho chance, só que eu me sinto egoísta. 


Viver, para mim, era sobre enfrentar os meus medos e fazer aquilo que tenho vontade. E eu sinto que a última coisa que ando fazendo é isso. Eu me deixei ser tomada pela minha ansiedade e isso me faz sentir que está tudo ok em apenas sobreviver. Mas será que está tudo bem mesmo? A sensação de aperto no peito se tornou normal, a dor na barriga se tornou normal, a respiração entrecortada se tornou normal, essa impressão de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento se tornou normal. 

Essas coisas deveriam ser normais?

Ao mesmo tempo, vejo que a falta de empatia e cuidado com os outros se tornou algo normal; lidar com a pandemia sem pensar no bem coletivo se tornou normal. E, até eu que criticava os outros, cheguei ao ponto de socializar (de maneira minimanente responsável) e parei de criticar para não ser hipócrita. Ainda assim, não foi ao ponto de dizer que estou vivendo. E me sinto culpada (apesar de que, ao meu ver, a grande culpa foi do governo federal negacionista que vivemos que deixou mais de 500 mil vidas serem ceifadas³ por pura negligência - mas isso não é o foco)

Como que eu posso viver - e não apenas sobreviver - em um momento como esse?
Para ser bem sincera, eu não sei como responder essa pergunta e eu gostaria muito de ter uma resposta. Eu tinha muitos planos para 2020, de coisas que eu queria fazer; de momentos que eu queria aproveitar. De tudo o que eu sempre tive medo de fazer: de socializar, de não ser mais o bichinho quieto e estranho que sou; de poder, de certo modo, ser o que eu sempre quis ser (talvez eu iria descobrir que o que eu sempre quis ser na realidade não sou eu, mas acho que vamos demorar para saber). 


Estar vivendo no meio de uma pandemia e ter passado por momentos de reclusão me fez perceber que eu não vi e nem conheci quase nada e isso me frustou de maneiras inimagináveis. Eu - que sempre achei que era ótima no quesito autoconhecimento - tive que lidar comigo e não foi agradável. 

Na real, eu não fui a única a passar por isso, já que eu vejo como um sentimento compartilhado por (quase) todo mundo durante esses dias, que viraram meses, que chegou no primeiro ano e aparentemente está caminhando para o segundo. 

De qualquer maneira, eu senti que eu não podia sentir nada do que eu sinto, já que a minha vida é boa o suficiente e eu não tenho o porquê reclamar. Mas apesar de estar viva, eu não vivi quase nada. Isso não é um motivo razoável para me sentir do jeito que eu sinto?

Eu sei, essa postagem é bem white girl problem. O mundo real tem problemas reais, pelo menos não passei por perrengues pesadíssimos como milhares de outras pessoas passaram. Mas eu ainda sinto um aperto no peito e queria entender o porquê. 

No fim, eu fiz várias perguntas, não respondi boa parte delas e me senti uma grande mimada. Mas a vida é isso, eu acho. Nem todas as perguntas vão ter respostas e as vezes você vai se questionar se o que sente é válido. E eu ainda quero viver, e não apenas sobreviver. 

Quem sabe eu consiga quando tudo isso passar.

Um beijo,
Dessa. 


¹https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=sobreviver
²https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=Viver
³https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2021/06/20/500-mil-mortos-por-covid-de-cada-425-brasileiros-um-foi-levado-pela-pandemia.ghtml

Comentários

Postar um comentário

Gostou? Não gostou? Fale aqui !

Postagens mais visitadas deste blog

Vim aqui contar como foi o TUDUM 2023 (que eu amei)

 Olá pessoas, como vão vocês? Eu vou bem, obrigada. Faz tempo que eu não apareço, né? Resolvi voltar e vim contar sobre o TUDUM 2023! E o que raios é esse tal de TUDUM?  É uma convenção criada pela Netflix, que acontece aqui no Brasil! A primeira edição aconteceu em Janeiro de 2020. Por conta da pandemia, as outras edições foram online e esse ano voltou a ser presencialmente. Aconteceu nos dias 16, 17 e 18 de Junho, lá no Pavilhão da Bienal no Parque Ibirapuera, em SP capital.  O evento é gratuito e os ingressos foram liberados online. Conseguir um ingresso é como estar em um Jogos Vorazes digital: que a sorte esteja a seu favor. Uma amiga minha (beijo, Mari!) me avisou sobre e perguntou se eu tinha interesse em ir. Como pobre adora um evento gratuito, eu disse que sim e ela me avisou que ia tentar o ingresso junto com a Ana (um beijo, Ana!), que foi a sortuda que conseguiu os ingressos do dia 18 para a gente. Durante os três dias estava acontecendo as ativações, ou seje : lugares boni

Passeio pelo bairro da Liberdade - São Paulo Capital

 Olá pessoas, como vão vocês? Eu vou bem, obrigada. Demorei um pouquinho para postar de novo, né? Tenho que admitir que estava com preguiça de escrever (e um pouco desanimada), mas eis me aqui. Hoje vim falar sobre meu passeio pelo bairro da Liberdade em São Paulo no dia 12 de dezembro de 2021, um lindo sábado. Eu sempre tive muita  vontade de ir conhecer, já que tem uma  vibe  toda japonesa e coisas leste asiáticas no geral. Para quem não conhece, ele tem uma grande concentração de estabelecimentos e restaurantes japoneses, chineses e coreanos e já foi a morada de diversos imigrantes japoneses até meados da década de 1960¹.  Além de querer conhecer a Liberdade, sempre quis me aventurar por São Paulo, como a boa garota do interior que eu sou. Por sorte, minha amiga Thaynara (que trabalha comigo) quis ir visitar também e meteu a cara junto comigo. Foi uma aventura divertida.  Para definir a nossa programação, nós olhamos o site São Paulo sem mesmice  (é só clicar que você vai ser redire